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Geógrafos Notáveis

Dia da Geografia Portuguesa

Continuamos a celebrar a Geografia, destacando 6 geógrafos cujo trabalho contribuiu para a história da Geografia Portuguesa:

 

ORLANDO RIBEIRO (1911-1997)

Considerado por muitos o geógrafo português mais conhecido pelo mundo, Orlando Ribeiro nasceu em Lisboa a 15 de fevereiro de 1911 e dedicou a grande parte da sua vida à ciência geográfica.

Começou o seu percurso académico em 1932 onde se formou em Ciências Histórico-Geográficas na Universidade de Lisboa, de seguida lecionou no Colégio Infante de Sagres e defendeu o primeiro doutoramento em Ciências Geográficas na Universidade de Lisboa, no ano de 1939. Ao longo do seu percurso fundou o Centro de Estudos Geográficos, publicou o clássico “Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico” (1945) e organizou o Congresso Internacional de Geografia de Lisboa (1949), que o levou a ser vice-presidente da União Geográfica Internacional.

Orlando Ribeiro contribuiu de forma muito ativa ao longo da sua vida para a geografia portuguesa e mundial, onde privilegiou a observação em campo e os métodos indutivos. A sua vida e obra é de extrema relevância, pois contribui para a criação de uma identidade profissional entre geógrafos e permitiu compreender melhor as características da geografia atual.

 

AMORIM GIRÃO (1895-1960)

Nascido em 1895, em Coimbra, Amorim Girão foi um dos mais importantes geógrafos portugueses que se tem memória, inspirando gerações futuras com as suas obras, mas também com o seu trabalho como professor.

A sua vida profissional ficou marcada pela sua dedicação à Escola Geográfica de Coimbra onde lecionou de 1916 a 1960, mas ao mesmo tempo com trabalho na investigação e publicação de várias obras (90). Destas publicações são de importante relevância as obras - A Geografia Moderna, Evolução, Conceito, Relação com outras ciências - Estudo Geográfico (Dissertação de Doutoramento em Geografia, 1922) - Lições de Geografia Humana (1936), Geografia de Portugal (1941, 1949-1951), Atlas de Portugal (1941, 1958).

Girão considerava a dimensão física da paisagem indissociável da vertente humana, o seu percurso também ficou caraterizado pelo trabalho de campo, o contacto com as paisagens e a forma como integrava as perguntas e procurava respondê-las da forma mais integrada possível.

O seu trabalho científico focava se na valorização e reconhecimento dos recursos naturais, a sua obra - A Bacia do Vouga: Estudo Geográfico – destacou se pelo potencial que tinha para a potencialização dos recursos nacionais.  Já no ano de 1941 foi publicado o Atlas de Portugal, onde demonstrava “o desejo ser útil aos que estudam ou ensinam Geografia de Portugal; dando-lhes um indispensável instrumento de trabalho”. Sendo esta obra de extrema importância pois foi o mais próximo que Portugal teve durante várias décadas. Foram trabalhos como estes que asseguraram um lugar de destaque na geografia portuguesa, sendo o primeiro geografo português com pensamento original e focado na geografia portuguesa.

 

ISABEL ANDRÉ (1956-2017)

Isabel André foi geógrafa e professora associada ao Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa e investigadora do Centro de Estudos Geográficos. Chegou ao Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, após o 25 de Abril de 74.

No final dos anos 70, Isabel André participou na investigação no Centro de Estudos Geográficos, com especial atenção para o Planeamento Regional e Urbano. Em 1980, iniciou no Departamento de Geografia na Universidade de Lisboa a função de professora, posteriormente participou na empresa Geoideia com foco no planeamento, consultoria e avaliações políticas. O seu doutoramento teve em foco a Geografia humana intitulada de “O falso neutro em Geografia Humana: género e relação patriarcal no emprego e no trabalho doméstico”, tendo sido um estudo pioneiro em Portugal.

Com interesse nas novas temáticas socias que a revolução permitiu desbloquear, Isabel André impôs os seus pontos de vista e, desde cedo, foi pioneira em atividades e decisões na academia. O seu percurso pessoal e profissional ficou associado ao seu pensamento racional, ao entusiamo e paixão que sentia com cada descoberta, passando esta forma de ser aos seus colegas e principalmente aos seus alunos.

 

CATARINA RAMOS (1958-2018)

Nascida em 1958, Maria Catarina de Melo Ramos, foi autora de vários trabalhos científicos, incluindo livros e artigos nacionais e internacionais com foco na Hidrologia, Geomorfologia Fluvial, Paleoclimatologia e Dinâmica Fluvial, Mudanças Ambientais, Risco de Cheia e Medidas de Mitigação e o Ordenamento do Território.

Iniciou o seu percurso académico em 1976-77 na Facultade de Letras da Universidade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante a licenciatura destaca-se pela qualidade e rigor dos trabalhos, em 1981 é contratada como assistente estagiária e, mais tarde, inicia o seu percurso como docente na área da Geografia Física. 

Foi Investigadora do Centro de Estudos Geográficos desde 1983, e vogal da Direção (1986-1988). Teve um envolvimento muito empenhado na criação do IGOT, tendo sido membro da sua Comissão Instaladora (2009-2010), Subdiretora do Instituto (2010-2012) e Coordenadora do 1º ciclo de estudos (2013-17).

Catarina Ramos ao longo da sua carreira foi sempre em busca de novos temas, e juntando a sua admiração pela Geografia Física, desenvolveu investigações sobre bacias hidrográficas, geomorfologia e climatologia. Obteve o grau de doutora em 1995 com a dissertação “Condições Geomorfológicas e Climáticas das Cheias da Ribeira de Tera e do Rio Maior (Bacia Hidrográfica do Tejo)”. O domínio da Hidrogeografia foi introduzido na Geografia por Catarina Ramos, que alargou a sua investigação ao estudo dos recursos hídricos e do seu uso sustentável, sendo este tema central para a disciplina que criou na licenciatura. Em março de 2009 apresentou o programa da unidade curricular do 2º ciclo “Dinâmica Fluvial e Ordenamento do Território”, onde abordou o tema das “Cheias: causas, consequências e medidas mitigadoras”.  O seu percurso académico e profissional, nos vários domínios da geografia, tornaram Catarina Ramos uma figura de destaque na Geografia portuguesa.

 

MARIANO FEIO (1914-2001)

A carreira de Mariano Feio destacou-se pelo rigor, determinação e pela coragem nos seus projetos de vida. Focou-se muito na observação, experimentação e discussão de todos os resultados científicos, sendo também defensor da divulgação pública de resultados.

Desde cedo que se interessou por Geomorfologia e Geologia, temáticas que veio a aprofundar na Universidade de Berlim e Munique, entre 1936 e 1942. Com a ajuda de Orlando Ribeiro, Mariano Feio integrou um grupo científico na Faculdade de Letras de Lisboa onde desenvolveu a atividade de docente e de investigação. Posteriormente, tornou-se Professor Catedrático (1975-1984) na universidade de Évora, onde tinha uma abordagem diferente em relação aos professores dessa altura, as suas aulas baseavam-se diapositivos audiovisuais inéditos que teriam sido obtidos pela sua dedicação ao trabalho campo. Também nas aulas práticas, relata-se que utilizava as Cartas Militares, onde os seus alunos poderiam evoluir as leituras e compreensão de números e formas de relevo.

A bibliografia de Mariano Feio conta com quase duzentas obras, focadas maioritariamente na agricultura e na morfologia. A sua tese de doutoramento em 1952 com o título de “A evolução do Relevo do Baixo Alentejo e do Algarve, Estudo de Geomorfologia”, foi revolucionária na região e permitiu uma melhor compreensão da geomorfologia do Baixo Alentejo e Algarve. O seu grande interesse pela agricultura, levou-o a viajar pelas regiões de Espanha, Marrocos, Itália, Israel, África do Sul e Califórnia, de forma a poder formar uma comparação dos solos, clima, práticas agrícolas e rendimentos. Com novos conhecimentos, utilizou os seus terrenos como campos de experimentação, com objetivo de criar modelos de comparação e modelos de contabilidade analítica.

 

FERNANDO REBELO (1943-2014)

Fernando Rebelo, é lembrado na Geografia Portuguesa como um geógrafo que deixou uma investigação de prestígio nacional e internacional. Natural de Espinho, este geógrafo deixou grandes marcas na geografia com relevância nas suas obras, mas também pelo seu tempo dedicado á reitoria da Universidade de Coimbra.

Durante a sua vida publicou várias obras importantes para a geografia portuguesa como: Riscos Naturais e Ação Antrópica (2003), Viagens pelo Brasil. Impressões de um Geógrafo, A Geografia Física de Portugal na Vida e Obra de Quatro Professores Universitários: Amorim Girão – Orlando Ribeiro – Fernandes Martins – Pereira de Oliveira (2008) e Portugal: Geografia, Paisagens e Interdisciplinaridade (2013). Estas obras destacaram-se pela sua qualidade e rigor, mas também pelo seu contributo para a geografia, pois considerava-se que Fernando Rebelo tinha uma “visão moderna” e demostrava tais características nas obras tornando-as assim inovadoras.

Considerado um dos “últimos geógrafos completos”, realizou trabalhos na Geografia Física e Geografia Humana, tendo desenvolvido trabalhos de pormenor da Geografia de Portugal. Utilizando dados e conhecimentos geográficos mundiais que utilizou nas suas aulas e investigações deixou textos detalhados sobre Portugal, Angola e Brasil. Foi um geógrafo completo, no sentido em que ensinou e escreveu sobre o cruzamento dos diferentes saberes da geografia sem se focar num tema central. Destes variados temas, é importante referir os textos nas temáticas da Geomorfologia e sobre Riscos Naturais.

 

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Data de Publicação:

28 Fev, 2025

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