Artigo/Entrevista
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“ Respirar de alívio! ”
Dizer que a Europa enfrenta hoje enormes desafios parece já não constituir qualquer tipo de novidade!Dizer que a Europa enfrenta hoje enormes desafios parece já não constituir qualquer tipo de novidade! De facto, a última década tem sido particularmente rica em problemas que, uns atrás dos outros, têm testado a resiliência do projeto europeu.
O domingo passado ficará certamente para a história com a realização das eleições para as presidenciais francesas, disputadas na segunda ronda pelos candidatos Emmanuel Macron e Marine Le-Pen. Ainda que uns furos abaixo dos resultados obtidos há cinco anos atrás, Macron saiu vencedor com quase 60% dos votos, reconhecendo que muitos dos que o escolheram fizeram-no não por particular agrado com o seu desempenho no seu último mandato, mas para contrariar e travar a possibilidade (real) da extrema-direita ganhar o escrutínio. Entre festejos e amuos, não foram apenas os franceses que celebraram a vitória deste europeísta convicto. O resultado foi também um respirar de alívio para os restantes europeus, conscientes que a vitória de Le Pen representaria o fim de uma França tal como a conhecemos e, por conseguinte, um Cavalo de Troia na UE, com repercussões inimagináveis nos planos de crescimento e desenvolvimento da Europa dos 27 e demais candidatos (efectivos e potenciais).
A França, por todas as razões e mais algumas, teve e tem um papel fundamental na consolidação do projeto europeu e, como tal, a democracia, a liberdade e a solidariedade são valores essenciais que teremos de manter e até reforçar, sendo que esta França de Macron encontra-se alinhada com aqueles que são os valores cimeiros da UE, assegurando aos europeus que este membro fundador continuará a contribuir positivamente para o futuro desta união.
Claro que, eleições não seriam eleições se o tema da abstenção não viesse à baila e, também em terras francesas, o drama do afastamento dos jovens nestes momentos vitais da vida democrática de um país fez-se sentir com alguma notoriedade. Não sendo um problema exclusivamente francês, é algo que merece uma reflexão profunda, pois numa Europa onde 1/4 da população são jovens, são notórias as reservas que estes manifestam em se pronunciar e se envolver na vida política e na participação cívica em torno do desenvolvimento da Europa que desejam. A este propósito, será importante recordar que dentro de dias teremos a apresentação dos resultados da Conferência sobre o Futuro da Europa (lançada a 19 de Abril do ano passado), onde os jovens marcaram presença nos quatro Painéis dos Cidadãos previstos, representando 1/3 do total dos participantes destes eventos. Aqui, o grande desafio consistirá em não desapontar os que participaram na Conferência, garantindo que as suas ideias, as suas propostas e as suas preocupações sejam realmente ouvidas e percepcionadas pelas instituições europeias e que isso se traduza em respostas concretas, evitando-se o business as usual.
A sessão plenária final da Conferência está agendada para 29 e 30 de abril, em Estrasburgo, onde se espera que as propostas sejam aprovadas pelo Plenário. O Conselho Executivo da Conferência incluirá então as propostas no relatório final que será oficialmente apresentado à Presidência conjunta – Comissão, Parlamento e Conselho Europeu, que se pronunciarão, dando seguimento às conclusões da Conferência, no âmbito das competências que lhes estão atribuídas.
Curiosamente, o relatório final será apresentado a 9 de Maio – Dia da Europa, uma data que procura enaltecer a paz e a unidade do continente europeu, assinalando-se o aniversário da histórica «Declaração Schuman». Será seguramente um Dia da Europa “diferente” de todos os outros que já celebramos, pois se é certo que passados 70 anos, o território restrito da UE permanece em paz, a verdade é que não conseguimos evitar nas fronteiras externas a guerra imposta aos nossos vizinhos ucranianos, ameaçando os valores europeus que asseguram a necessária unidade da nossa (rica) diversidade.
Edição de Imprensa JM-Madeira
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