Artigo/Entrevista

O Ano é Novo mas...será suficiente

... no meio deste quadro de incertezas face ao Ano Novo, há também espaço para celebrações.

A mudança de ano tem destas coisas: sentimos uma necessidade de fazer balanços pessoais e profissionais a um ciclo que termina e, quase em simultâneo, uma listagem (mais ou menos exaustiva) de intenções para o Ano Novo. As famosas “resoluções” que, quanto mais não seja, acabam por originar uns tantos memes para as redes sociais.

Em paralelo, não sendo a vida uma ciência exata, e como tal, programável antecipadamente a nosso gosto, criamos também expectativas e até arriscamos adivinhar aquilo que o Ano Novo nos possa trazer de bom. E bem precisamos! Afinal os últimos três anos não foram “pêra doce”, com o surto de covid em 2020 e 21 e com a absurda e inusitada invasão da Ucrânia, por parte da Rússia de Putin.

Dito isto, o que podemos esperar para 2023? De forma simples e recorrendo à sabedoria popular, diria que todos queremos, acima de tudo, “paz e sossego”. De facto, o atual impasse na resolução do conflito militar na Ucrânia parece, infelizmente, sem fim à vista. Os discursos de Ano Novo dos líderes dos países em conflito apontam nesse sentido. E é pena que assim seja! É pena que “diplomacia” e “diálogo” sejam palavras cada vez mais ausentes, com os líderes revelando ideias fixas sobre o percurso e os objetivos (antagónicos) que querem alcançar. O risco deste conflito se prolongar por tempo indeterminado, aliado à crise causada pela subida constante dos preços neste último ano (o FMI prevê, de resto, um agravamento da situação económica para este ano, à qual a UE não estará imune, bem pelo contrário!), poderá ter repercussões preocupantes no seio da União Europeia, não apenas entre os seus cidadãos, a quem são pedidos, uma vez mais, grandes sacrifícios, como também entre os próprios Estados-membros. Para já, “unidade” tem sido a palavra de ordem entre os 27, conseguindo-se, à data, falar a uma só voz no posicionamento do bloco face à ação (cada vez mais descoordenada mas não negligenciável) da Rússia, nomeadamente nas sucessivas aprovações de sanções económicas que vão já no nono pacote.

Infelizmente, a Europa não se pode dar ao luxo de se focar única e exclusivamente na crise ucraniana, pelo simples facto de existirem outros problemas a precisarem a mesma unidade (e solidariedade) entre Estados-membros na procura de soluções efetivas. Falo da gestão e integração de imigrantes e refugiados, da insegurança alimentar (realidade sobre a qual se desconhecem os números reais do problema), dos desafios das transições ecológica e digital que colocam a muitas regiões, problemas complexos de difícil resolução face aos prazos curtos que temos pela frente, decorrentes do reconhecimento das imposições da crise climática que enfrentamos. Enquanto região insular e ultraperiférica, a exigência de uma discriminação positiva para com a Região Autónoma da Madeira (e outros territórios insulares e ultramarinos), parece-me um imperativo, tanto mais que a Comissão Europeia sempre deixou bem claro que, neste processo, “ninguém ficará para trás”.

Mas, no meio deste quadro de incertezas face ao Ano Novo, há também espaço para celebrações. O Mercado Único Europeu celebra os seus 30 anos de existência, servindo mais de 400 milhões de europeus, brindados com a possibilidade da livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, fazendo com que a UE seja atualmente uma das maiores economias do mundo. A título de exemplo, não temos taxas ou impostos aduaneiros nas compras efetuadas por cidadãos ou pelas empresas dentro do espaço comunitário e os artigos que adquirimos cumprem rigorosas normas de segurança que a todos favorece. Graças ao mercado único, falamos a uma só voz na aquisição conjunta de vacinas e também trabalhamos em cooperação para obter o necessário aprovisionamento energético, o que tem contribuído para dinamizar o setor das energias renováveis.

Para terminar: bem-vinda Croácia ao espaço Schengen e à zona Euro.

 

Edição de impressa do JM-Madeira (05/01/2023)

Publicado por:

Marco Teles

Data de Publicação:

05 Jan, 2023 às 09:59

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