Artigo/Entrevista

ATIVISTA MENTAL…

a. A UE tem provado que o caminho da sustentabilidade não é um mito, nem é incompatível com o crescimento económico. Bem pelo contrário! Muitos outros exemplos poderiam ser identificados, mas mais importante é percebermos que esta batalha de adapta

Não sei se tal coisa existe, mas pareceu-me bem esta ideia do “ativista mental”. Alguém que faz os outros pensarem! Pelo menos, assim gostaria que fosse esse o resultado da leitura deste artigo. Recentemente, dei por mim a refletir sobre um conjunto de acontecimentos que encheram capas de jornais e abriram noticiários nacionais: falo das iniciativas sui generis dos chamados "ativistas climáticos".

Confesso que nem percebo muito bem o que isso significa. E nem gosto da expressão, à semelhança de tantas outras que viraram moda, como “influenciadores” (ou influencers, sempre aparenta algo mais sofisticado!), mas isso são contas de outro rosário. Voltando aos "ativistas", é curioso que estes jovens, que por estes dias se ocupam invadindo faixas de rodagem na 2ª circular, não são considerados uns vulgares manifestantes. São diferentes. São ativistas! Talvez seja porque a imaginação não lhes encontre limites: atiram tinta a figuras públicas, manifestam-se em maratonas desportivas (?), vandalizam montras, entre tantas outras excentricidades. Os exemplos lá fora não são melhores, com ativistas colados a paredes de museus e/ou obras de arte, danificando-as irremediavelmente, motivados pelas suas convicções inabaláveis. Legítimo e louvável, dizem uns. Ilegal e deplorável, dirão outros. Exposto desta forma, opto inequivocamente pelo segundo grupo.

É legítimo e até meritório que qualquer cidadão manifeste publicamente o seu descontentamento, a sua preocupação e o seu incómodo com o rumo do planeta: os atentados ambientais continuam e os problemas que nos afetam são reais, cada vez mais frequentes e complexos. A adaptação às alterações climáticas faz-se a um ritmo mais lento que o desejável e com métodos e intensidade muito distintas à escala global (palavra "mágica", uma vez que nunca se resolverão os problemas ambientais sem uma efetiva ação global). A questão aqui é outra:  vivemos em Democracia e isso significa que as nossas liberdades NÃO são ilimitadas. Há linhas vermelhas! Em vésperas de celebração dos 50 anos do 25 de abril, talvez uma revisão de literatura fosse útil a alguns ativistas. E digo "alguns", na convicção plena que nem todos se definem pelo padrão aqui representado. Longe disso.

Posso estar errado, mas não creio que seja pelas reivindicações extremistas que chegaremos a uma efetiva resolução dos problemas. Talvez estes ativistas pudessem estar mais atentos à realidade que os rodeia, identificando e reconhecendo os muitos progressos que existem nestas matérias, bem como os mecanismos legais (e socialmente aceitáveis) de mobilização cívica, pressionando os poderes públicos europeus e/ou nacionais. O Green Deal, lançado em 2019, não foi (e não é) business as usual. O leque de ações mobilizadas pela Comissão Europeia é enorme, de tal forma que, por vezes, até se critica a ambição demasiado otimista, por exemplo, na exigência das emissões zero relativamente aos veículos novos que serão comercializados a partir de 2035. Ainda esta semana, foram adoptados os dois pilares finais do pacote legislativo «Objetivo 55» - revisão da Diretiva das Energias Renováveis e do Regulamento ReFuelEU Aviação, para a consecução dos objetivos de 2030, fazendo com que a UE tenha HOJE metas climáticas juridicamente vinculativas que abrangem TODOS os setores-chave da economia. A UE tem provado que o caminho da sustentabilidade não é um mito, nem é incompatível com o crescimento económico. Bem pelo contrário! Muitos outros exemplos poderiam ser identificados, mas mais importante é percebermos que esta batalha de adaptação às alterações climáticas faz-se com respeito por todos e que a desobediência civil não pode ser o caminho.

Em vez de diabolizar o presente, não se deveria procurar criar um ambiente mais favorável que nos faça acreditar num futuro mais próspero?  Afinal, que motivação pode ter um “ativista climático” se ele próprio não acredita no futuro?

Publicado por:

Marco Teles

Data de Publicação:

16 Out, 2023 às 13:04

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