Com alguma frequência, os Geógrafos são questionados sobre as suas competências profissionais e sobre o papel da Geografia na atualidade.

Hoje, que se comemora o Dia do Geógrafo, compete-nos relembrar que o princípio basilar da ciência geográfica continua a radicar nas relações que se estabelecem entre o Homem e o Meio. Por esta razão, a Geografia permanece na interseção das ciências sociais com as ciências naturais, com as vantagens e pressões daí decorrentes, nomeadamente, a eventual sobreposição com outras áreas científicas. Porém, podemos com alguma segurança afirmar que a Geografia atual não é subsidiária de outros domínios de saber, embora, não raras vezes, se sirva do conhecimento produzido por outras ciências para melhor perceber o seu complexo objeto de estudo e reforçar o seu papel na compreensão, desenvolvimento e sustentabilidade dos territórios.

As competências do geógrafo, em contexto profissional, são transversais a inúmeras atividades que decorrem no território. Para além do ensino, frequentemente associado à formação geográfica, os licenciados em Geografia encontram-se atualmente nas mais variadas áreas da administração central, regional e local, onde exercem funções no âmbito do planeamento e ordenamento do território, na monitorização e gestão do ambiente físico, na análise das atividades económicas, na compreensão da dinâmica das cidades, populações e sociedades, na utilização dos Sistemas de Informação Geográfica de apoio à decisão e na aplicação de um conjunto vasto de geotecnologias, que permitem modernizar os territórios e a sua administração, reduzir custos de contexto e melhorar a qualidade de vida às populações. Podemos ainda encontrar estes profissionais em empresas, dedicadas ao planeamento económico, social e territorial, ao urbanismo, à cartografia, bem como em atividades de consultoria, em domínios cada vez mais variados, como o ambiente, o turismo, a distribuição, os transportes, a validação de políticas, etc...

Segundo o Despacho n.º 20 160/2001 (2ª série) de 25 de setembro, que regulamenta o conteúdo funcional da carreira de Geógrafo, este profissional “Estuda fenómenos físicos e humanos do território no que respeita às suas distribuições espaciais e interligações às escalas local, regional e nacional; Efetua estudos sobre o ambiente natural, o povoamento, as atividades dos grupos humanos e os equipamentos sociais nas suas relações mútuas, fazendo observações diretas ou interpretando e aplicando resultados obtidos por ciências conexas; Efetua estudos em diversos domínios, nomeadamente localização e distribuição espacial de infraestruturas, população, atividades e equipamentos, ordenamento do território, desenvolvimento regional e urbano, planeamento biofísico e riscos ambientais, defesa e salvaguarda do património natural ou construído, com vista ao arranjo do espaço e à melhoria de vida das populações; Recorre, com frequência, a tecnologias informáticas, como no caso dos sistemas de informação geográfica que permitem obter, armazenar, manipular e analisar informação espacialmente referenciada, produzindo diversos tipos de documentos geográficos de relacionamento dos fenómenos”.

A sua transversalidade, heterogeneidade metodológica e capacidade de análise multiescalar, apoiada em recursos tecnológicos cada vez mais eficazes na análise da estrutura e dinâmica dos territórios, fazem com que esta ciência e os seus profissionais assumam um papel cada vez mais relevante na identificação dos condicionalismos e potencialidades dos territórios e na orientação das atividades económicas, sociais e culturais que se desenvolvem em diferentes escalas.

Neste dia especial para os Geógrafos, não podíamos deixar de agradecer o contributo destes profissionais para a compreensão, desenvolvimento e sustentabilidade dos territórios. Especialmente o contributo daqueles que exercem funções no espaço insular.

Saudações Geográficas!